domingo, 9 de outubro de 2011

I FESTA ALEMÃ ENTRE AMIGOS.




 segundo dia da festa Alemã começou superando as expectativas de público dos organizadores do evento, marcado para as 12:00 horas o início do almoço,às 11 horas da manhã já não se encontrava mesas e cadeiras com facilidade no salão da festa e no pátio coberto com uma grande lona colorida.Na madrugada de sábado choveu em toda a cidade de Cosmópolis,amanhecendo o dia de domingo com chuva,e mesmo com a suave garôa o público compareceu em massa para saborear o prato principal da festa o Eisbein “Joelho de porco”.
Pátio do salão de festas da escola Alemã as 11 horas da manhã completamente lotado. 
  O Eisbein, era acompanhado por batata, Chucrute, salsichão, pepino, pão preto e mostarda,sendo vendidos também no almoço espetos de carne e o salsichão Alemão branco e vermelho assado na brasa como era feito pelos imigrantes que iniciaram a festa e deixaram a seus filhos e netos as tradições das receitas do preparo da Wurst salsicha Alemã”.Nos dois dias da festa também eram vendidos doces típicos alemães preparados com todo carinho pelas várias Mütters (mães) da festa, com receitas secretas passadas de geração a geração aos descendentes de alemães e suíços que colonizaram grande parte da cidade de Cosmópolis no final do século 19.
Carroção com mais de 70 anos exposto no local onde ficava o pátio da escola Alemã.
  No pátio onde ficava a escola Alemã, foi exposto um antigo “carroção” que chegou transportado por um guindaste no inicio da manhã de domingo. O carroção com mais de 70 anos foi uma das principais atrações da festa no domingo, juntando várias pessoas para tirar fotos e ler a história do carroção escrita em folhas penduradas sobre sua madeira.O carroção pertenceu a família Müller do bairro Nova Campinas, e no final da década de 30 foi comprado pelo senhor Henrique Schwarz para o transporte de cana de açúcar para Usina Ester, sendo conduzido por seis bois carreiros.Na carta escrita sobre a história do carroção, conta-se que quando se passava com o transporte na Avenida Ester que tinha suas ruas pavimentadas de paralepipetosas rodas de madeira revestidas de ferro faziam um barulho imenso chamando atenção de todos os moradores da Avenida, que saiam nas portas das casas já cedo com o barulho do carroção.Atualmente o antigo carroção pertence a família de Benedito Alfredo Andrade, sendo guardado e preservado no sitio da família.


A dupla Sandro e Wilson de Santa Catarina cantando tradicionais músicas da cultura alemã durante o almoço. 

Sandro Romig com sua concertina  (sanfona)  muito usada pelos primeiros imigrantes alemães  nos bailes da escola Alemã.
 animação da festa nos dois dias foi feita pela dupla Sandro Romig e Wilson Haffeman da cidade de Pomerode Santa Catarina. A dupla é muito conhecida e solicitada nas festas alemães de todo o Brasil por cantarem musicas folclóricas alemãs no dialeto Plattdütsch,ainda falado na cidade dos músicos por imigrantes e descendentes de Pomeranos.A dupla que faz shows desde 1989 juntos,animaram os dois dias de festa cantando não somente em Alemão,mais também relembrando sucessos caipiras e atuais ao som inconfundível do bandoneon ou também conhecida Concertina,a mais antiga versão da sanfona.O bandoneon é um instrumento típico nas musicas alemães e europeias, em Cosmópolis os bailes feitos pelos imigrantes Suíços e Alemães no início da colonização esse instrumento era quem animava os colonos, e também ao som do instrumento o "Coral Campos Salles" se apresentava nas reuniões da igreja Luterana que ficava próximo a antiga escola Alemã. As músicas cantadas pela dupla Sandro e Wilson em alemão, emocionaram muitos veteranos dos antigos "bailes da primavera" que relembravam emocionados o baile que era feito no salão e a mais de 50 anos não é mais realizado.


Confira abaixo alguns dos sucessos cantados pela dupla na  festa Alemã.



Paulo Armelin (Paulinho da papelaria) e sua esposa Vera Armelin chegaram logo cedo para saborear o chopp alemão.
Exposição de fotos contando os  mais de 100 anos de história do salão de festas,e de seus construtores e frequentadores. 

O descendente de Alemães Bertholdo Anklan com seus 85 anos se encontrando em uma foto tirada em 1934 na escola Alemã com sua turma de amigos de escola.

 Um dos momentos que mais emocionou a todos na festa, foi à passagem do descendente de alemães Bertholdo Anklan com 85 anos na exposição de fotos feita no salão, com total lucidez e uma memória invejável falava com detalhes de cada foto exposta, reconhecendo os lugares e as pessoas fotografadas a mais de 80 anos. Na foto acima Bertholdo se vê aos oito anos de idade junto com amigos de turma da escola alemã, em uma foto de 1934. Era emocionante ver o senhor Bertholdo falando com detalhes de como eram as aulas ainda em alemão no primeiro ano de escola, e as mudanças na escola depois da revolução de 1932 em que o então presidente Getúlio Vargas proibiu qualquer manifestação, ensinamentos ou culto a Alemanha com a entrada do Brasil na primeira guerra mundial contra a Alemanha nazista.Os filhos,amigos e pessoas próximas se emocionavam a ver a saúde e lucidez de BertholdoBertholdo e tantos outros alunos estudaram desde sua construção no final do século 19.
Bertholdo mostrando ao amigo João Carmona a foto de 1934 em que ele e sua turma de escola foram fotografados.


Amigos pertencentes a associação da escola Alemã comemorando o sucesso da festa.

Juca Kaliu e família  na fila dos doces alemães ,um dos sucessos da festa. 

Cinco gerações da história do salão de festas da escola Alemã .
(Juvenil da Rocha,Paulo Enke e filho,Nelson Malling e Vardy Milke)
Chucruts cozido com ervas e tempero especial das Mütters da festa.


 O Eisbein (joelho de porco) prato principal da festa foi feito do mesmo modo que eram preparadas pelos primeiros colonos que chegaram a Cosmópolis, cozido com tempero especial das “Mütter” as mamães alemãs da festa, ao perguntarmos qual era o segredo do tempero apenas responderam que o famoso segredo era fazer tudo com muito amor e carinho as tradições passadas pelas mães e avós. O Eisbein era servido com a Wurst (Salsicha vermelha e branca), Sauerkraut (chucrutes), Kartoffel (Batatas), Senf (mostarda), pepino e pão preto. As combinações ficavam por conta dos festeiros, que tinham também a opção da salada de batatas, uma gostosa mistura de legumes, ovos e batatas amassadas com ervas.

Bandeiras alemães fazendo a sinalização até o local da  festa.

  A festa alemã marcou a volta das grandes festas no salão, um sucesso de publico, uma reunião de famílias e amigos juntos preservando a história e as tradições deixadas pelos imigrantes em Cosmópolis. Segundo os organizadores parte da renda da festa será destinada para publicação de um livro contando a história da colônia suíça e alemã em Cosmópolis, resgatando no livro a construção do salão de festas, o inicio da escola alemã, o "Coral de Canto Campos Salles", e a história de muitas famílias de imigrantes que tiveram parte fundamental na colonização da cidade, tudo misturado com fotos e documentos de época. A associação já tem o apoio do "Grupo Filhos da Terra", que possuiu um grande acervo de fotos e documentos sobre o local, e juntos estão formando uma parceria para o resgate deste patrimônio cosmopolense que sofria com o abandono e descaso público á vários anos, e mesmo com a "reforma"em 2008 ainda sofre com o vandalismo e a falta de segurança no local,"hoje" com poucas famílias morando próximas ao salão que ficou totalmente isolado dos centros urbanos da cidade.
Mesmo com a chuva de domingo a festa superou o número de pessoas estimado pelos organizadores da festa.



 A associação de amigos da escola alemã está organizando mais duas grandes festas ainda para este ano, e durante todo o ano festas pequenas como reuniões de amigos e entidades aconteceram mensalmente, tudo para sempre manter viva as tradições festivas do centenário salão de festas. O local onde funcionava a escola alemã foi invadido por "famílias sem terra" já á alguns anos, sendo totalmente destruída a escola e a casa dos professores pelos invasores do local  que pertence ao governo federal. O salão que é conhecido por muitos por escola alemã, (por ser construído em frente à escola e ser do uso da comunidade alemã) só não foi invadido por famílias sem terra porque foi criada a associação (A.A.E.A) e populares descendentes de imigrantes intervirão e lutaram pela preservação do local,que ainda não foi tombado pelo CODEFAT .

     1930...Professores da escola,membros do GV Deutsche Eiche em frente a escola alemã.

  O salão é o único prédio histórico "ainda preservado" em Cosmópolis,possuindo toda sua estrutura original de época conservada.Criado no final do século 19 por imigrantes suíços e alemães da comunidade Luterana,o local ficou abandonado por mais de 40 anos sendo usado na década de 90 como ponto de uso de drogas e reduto de marginais,até que em 2008 foi “reformado” pela prefeitura municipal.Existe um projeto na câmara municipal para reconstrução da escola alemã e da casa dos professores com o mesmo projeto da época, seguindo a construção original e utilizando os mesmos materiais usados pelos colonos, recriando tudo com o auxilio de verbas do governo do estado de São Paulo em parceria com a prefeitura municipal.O projeto um tanto que ousado,não precisaria nem ao menos ser pensado se o poder público tivesse preservado as centenárias construções da invasão de sem tetos, na sua maioria vindos de outros estados para o local.Primeiramente precisa ser feito o tombamento pelo CODEFAT e assim melhor conservar todas as construções ainda restantes no "Núcleo  Campos Salles",que foi o primeiro do Brasil a trazer imigrantes europeus em sistema de reforma aguaria de terras em 1896.


Texto Ancermo
Fotos: Andrei Manita e Adriano da Rocha

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