sábado, 22 de outubro de 2011

Dia da Praça

Na praça do coreto não tem nada para se comemorar.
Texto: Ancermo
Fotos: Andrei Manita
Fotos históricas: Acervo Cosmopolense e Acervo Adriano da Rocha

Coreto da praça Major Artur Nogueira,construção inaugurada em 1955 substituindo o antigo coreto da década de 30.
 Neste dia 22 de Outubro entre tantas comemorações cívicas do dia, como o dia do paraquedista, dia de combate a gagueira, dia internacional do radioamador, destacamos o dia da praça. Dia  pouco lembrado por grande parte da população e pelo poder publico de muitas cidades. Em Cosmópolis existem cerca de 20 praças de uso público espalhadas por todo perímetro urbano da cidade, praças de grande porte para realização de eventos, a pequenas praças de parada para um descanso sobre a sombra de uma árvore. Toda praça tem sua história, seja essa história dentro da vida de uma pessoa, ou na história de toda a população. Afinal em uma praça muita coisa pode acontecer, desde encontrar amigos para uma conversa, dar risadas, dançar e cantar, ou o surgimento de um novo amor. No dia da praça ,nossa equipe esteve na praça símbolo de Cosmópolis durante mais de 100 anos,a praça “Major Artur Nogueira” ou simplesmente como é conhecida por muitos cosmopolenses: A “Praça do Coreto”. 

Foto de 1902,tirada no local onde hoje é a praça do Coreto. Do lado esquerdo da foto pode se notar um grande quantia de madeira usada pelos trens como combustível nos fornos.Acima das madeiras a estação ainda com o nome de Barão Geraldo (nome mudado em 1905 para Cosmópolis).

 A região onde está localizada a praça foi caminho de bandeirantes em busca do ouro no século 16 e 17, pouso de tropeiros e viajantes que vinham do Campinho de Mato Grosso (futura vila de São Carlos e atual Campinas) com sentido a capital do estado na época Piracicaba. Em 1896 começou a surgir como praça quando funcionários da "Cia Funilense" construíam a estação inaugurada em 1899, (a estação era abaixo da praça,e foi demolida na década de 70).Em 2006 a praça foi parcialmente "reformada",e nessa “reforma” demolido um dos marcos da história da praça e de Cosmópolis,o grande chafariz em forma de tulipa que ficava no centro da praça (chafariz construído e inaugurado em 1955)


1956...Foto tirada um ano depois da construção do chafariz da praça e do novo coreto.
2011...Vista da praça pelo coreto,repare o imenso espaço deixado com a demolição da fonte em 2005.
  A demolição segundo a administração da época foi feita para melhor dispor a praça para grandes eventos e festas, o local foi pavimentado com pedras portuguesas e grande parte dos bancos da década de 50 foram destruídos, os poucos que sobraram se mantiveram "intactos" depois de grande mobilização do "Grupo Filhos da Terra" contra esse crime ao patrimônio cosmopolense. No plano de reforma da prefeitura o chafariz seria mantido em outro local, porém a incapacidade e a falta de preparo de funcionários e fiscais da prefeitura acabou destruindo a tulipa que enaltecia o chafariz e a praça.

Existiam mais dois chafarizes iguais o da praça do coreto no largo da matriz de Santa Gertrudes, os mesmo foram destruídos na modernização da praça no inicio da década de 90, pelos mesmo responsáveis da reforma da Praça do Coreto.


2011...Famoso banco dos namorados coberto por flores.Apelido dado aos bancos na década de 50,porque no local se reuniam os casais de namorados e nos bancos de trás os pais das moças observando o namoro.
 A “reforma” realizada no coreto na época, foram feitos: o fechamento dos banheiros e sala de som do antigo serviço de alto falantes “A voz do Município”, a mudança do piso da área interna por um piso de notável má qualidade,foram arrancadas todas as arandelas e luminárias de ferro forjado que pertenciam ao primeiro coreto da década de 30, e substituídos por canaletas de alumínio com lâmpadas fluorescentes, os tijolos vazados de cerâmica esmaltada que dividiam os banheiros todos arrancados, e todo o telhado foi trocado por novas telhas diferentes das originais.Tudo feito sem nenhuma necessidade, já que todo material estava em perfeito estado, mesmo com os mais de 50 anos de exposição e uso, e no caso por ser o local um patrimônio histórico da cidade deveria ser feito um restauro da construção,e não demolição e substituição dos materiais por outros que descaracterizaram o projeto original de 1955.Foi construído nesta reforma na parte da Avenida Ester, um ponto coberto e fechado para os taxistas da praça,ponto este que existia na rua da  praça desde a década de 40.

A praça hoje em 2011.

    Passados mais de 10 anos da “reforma” nada mais foi feito e nenhuma outra reforma foi realizada na praça, calçadas cheias de buracos e deformidades,todas as árvores do calçamento da Rua Campinas foram cortadas ficando os buracos das mesmas como uma armadilha para os pedestres.As pedras portuguesas do calçamento onde existia a fonte e em toda a praça,devido às festas realizadas no local (festa do imigrante,Aniversário da Cidade entre outras) estão cobertas de sujeira de gordura das barracas de alimentação das festas e sujeira pela passagem freqüente de pedestre.Os bancos na sua maioria da década de 50, tem pichações e alguns estão parcialmente destruídos em atos de vandalismo.Algumas luminárias foram arrancadas para colocação de coberturas para festas,a anos estão jogadas no chão da praça próximo aos bancos,sofrendo oxidação e enferrujando expostas as chuvas.
Antigo poste de iluminação da década de 50,abandonado a anos no chão da praça.

Base de iluminação desativada,umas das várias da praça retiradas para realização de festas.

Um dos poucos bancos originais da inauguração da praça em 1955.


Vários buracos feitos e madeiras pregadas nas paredes do coretos para se fixar cartazes de eventos da ''secretária de cultura".

Buracos,pichações e infiltrações fazem parte das paredes do coreto

  coreto não sofreu apenas com a reforma de anos atrás, sofre ainda mais hoje com o descaso e abandono em que se encontra.Sua estrutura externa em grande parte tem pichações,e diversos buracos foram feitos para se fixar cartazes de eventos da secretária de cultura,e outros buracos feitos para o  apoio de sustentação de lonas de cobertura das festas que acontecem na praça.A pintura descascada, é motivada pelas várias infiltrações na estrutura externa e interna do coreto. 

Entrada do coreto,o relogio de força está aberto, pichações e infliltações tomam conta das paredes.

Entrada do banheiro fechada com uma parede de tijolos,e muro criado no lugar dos tijolos vazados de cerâmica da década de 50.A noite a calçada é usada como banheiro por usuários de drogas e prostitutas.



  A subida para se chegar à parte superior do coreto,tem os degraus cobertos de restos de fezes de moradores de rua que dormem a noite no coreto, o cheiro chega a ser insuportável e as condições do local quase desumanas para uma pessoa em sã conciência viver saudavelmente.Os pisos da escada de acesso na antiga reforma foram todos arrancados e não assentados novamente,mostrando claramente o caminho de sujeira de restos fecais na escada.
Escada de acesso a parte superior do coreto,restos de fezes humanas deixam o local com um mau cheiro insuportável .


Cama improvisada por moradores de rua que dormem no local.

Área demarcada por marginas no  piso do coreto.
  Segundo populares e comerciantes próximos, travestis e prostitutas também usam o coreto para manter relações com seus clientes durante a noite, acontecendo diversas brigas e discussões entre moradores de rua que dormem no local.Segundo a Guarda Municipal várias rondas são feitas durante toda a noite na praça,efetuando apreensões de drogas e de infratores pichando o patrimônio público,sobre a questão da prostituição a guarda afirma que diminuiu este ano depois de diversas operações feitas nas imediações.Porém muitas prostitutas e travestis vêm de outras cidades como Artur Nogueira e Paulínia para usar o coreto como ponto, isso acontece devido à grande quantia de funcionários das refinarias de Paulínia que moram em republicas e pousadas próximas da praça,(em algumas casas chegam a morar mais de 50 pessoas, transformando casas simples em alojamentos para diversos operários).A maioria trabalha de dia nas empreiteiras e refinarias de Paulínia,e a noite frequentam bares na região da praça e utilizam os caixas eletrônicos dos bancos da Avenida Ester para saques e depósitos (na área da Petrobras não existem caixas do Itaú e Bradesco) ,chamando atenção de prostitutas pela movimentação do local.

O problema da prostituição surgiu na década de 60 com a instalação da Petrobras em Paulínia, e o surgimento de vários barracões desativados de tecelagens como alojamento para funcionários da refinaria, criou-se então no local um meio de se ganhar dinheiro fácil com a prostituição.Com o passar dos anos junto à prostituição surgiu o trafico de drogas e com isso o aumento da criminalidade na região da praça,por dependentes praticando furtos para o uso de drogas.


Instalação elétrica totalmente danificada e inutilizada por marginais,deixando o lugar sem nenhuma iluminação a noite.

Local onde ficava uma das antigas luminárias de ferro forjado, hoje um buraco aberto para a infiltração de água.


Um dos pilares de sustentação das grades do coreto com sua estrutura toda danificada.Uma breve ameaça de desabar a qualquer momento.

Portão de acesso a parte superior do coreto.O local é usado como banheiro a noite.

 As praças em uma cidade humanizam a todos independente de etnias, condições sociais, idade, religião ou partido político, nelas idosos passeiam e jogam cartas, crianças brincam, namorados se beijam, e amigos conversam sobre todos os assuntos. 

 "Uma cidade sem praças não é uma cidade, e sim um corpo sem alma, sem vida e sem valor, é a praça a alma de uma cidade o símbolo maior do respeito de seus governantes ao povo".Ancermo
 A atual administração fez um excelente trabalho de revitalização em diversas praças de Cosmópolis,reformando e reconstruindo muitas praças abandonadas na cidade.Foram criados novos espaços nas praças, e instalados brinquedos paras as crianças e equipamentos de ginásticas para jovens e idosos, novas praças foram criadas em bairros antes esquecidos pelo poder público.

 Porque ainda nada foi feito na primeira Praça de Cosmópolis, a praça do coreto ?

 São mais de seis anos de abandono do coreto, e de toda a praça que é o um dos poucos símbolos históricos que ainda restam em Cosmópolis. Um símbolo de um passado de glórias e de progresso, história pouco conhecida por muitos jovens e novos moradores da cidade.A triste realidade da praça é motivo de indignação de Filhos da Terra, que apenas vêm autoridades publicas e políticos na praça em dias de festas e grandes eventos.

 A praça do coreto pede socorro,ou será mais um patrimônio cosmopolense destruído pelo progresso que torna Cosmópolis a cada dia uma cidade satélite da vizinha Paulínia?

Grupo Filhos da Terra
1934.. Inauguração oficial da praça Major Artur Nogueira.
Aguardem novas publicações contando a história da Praça do Coreto,sua história relembrada em mais de 100 anos de fotos.

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